Para aqueles peregrinos insaciáveis que, tendo já chegado a Santiago de Compostela, ainda desejam mais, o Caminho a Fisterra e Muxía é o caminho perfeito que os conduz até o fim do mundo. Literalmente
Se for um deles e quiser continuar até o Cabo Fisterra ou aproveitar a oportunidade para visitar o santuário da Virxe da Barca, aqui tem todos os detalhes do Caminho de Fisterra e Muxía numa guia especializada com tudo o que precisa para poder planear a sua experiência da melhor maneira possível.
Foto: Santuario da Virxe da Barca
114 kms / 4 dias a pé
Ao contrário da maioria das rotas jacobeias, cuja origem surge após a descoberta dos restos do Apóstolo Santiago na época medieval, o Caminho de Fisterra e Muxía remonta-se a muitos séculos atrás. Especificamente, à cultura celta, na qual o nascer e o pôr-do-sol eram venerados em lugares estratégicos situados na costa.
Fisterra, como a própria origem do seu nome indica, finis terrae, foi considerada durante muito tempo como o fim do mundo, além de ser um desses lugares onde os antigos sacerdotes adoravam o sol. Posteriormente, a Igreja encarregou-se de santificar esta tradição pagã, adicionando Muxía como lugar de culto onde o Apóstolo Santiago, segundo a lenda cristã, testemunhou a aparição da Virgem Maria num barco.
Como podemos ver, e ao contrário do que muitos podem pensar, o Caminho de Santiago de Muxía e Fisterra não é algo recente, mas remonta a muito antes do cristianismo. Actualmente podemos obter uma acreditação semelhante a Compostela se fizermos este Caminho: a Fisterrana, no caso de caminhar até Finisterre ou a Muxiana, no caso de escolher Muxía como destino final.
O Caminho de Fisterra e Muxía tem também a particularidade de ser o único que não tem a cidade de Compostela como objectivo, mas como ponto de partida. Portanto, torna-se o toque final para os peregrinos que, não satisfeitos com a chegada à Catedral de Santiago, decidem continuar para o lugar anteriormente considerado o fim do mundo, ou para outro templo tão importante como o dedicado à Virgem da Barca, em Muxía
Se a sua peregrinação a Santiago de Compostela não foi suficiente para si, ou se quiser saber como é fazer uma viagem que regressa ao Neolítico, o Caminho de Fisterra e Muxía é a experiência que está a procurar. Só precisa de quatro ou cinco dias para a completar e obter a certificação final. E não se esqueça de presenciar o pôr-do-sol à sua chegada, como tinham feito os nossos antepassados, para se purificar e renascer espiritualmente.
O Caminho de Fisterra e Muxía começa na capital de Compostela e continua até à costa galega através de belas aldeias e verdes florestas que nos acompanham durante cada etapa. A seguir, detalhamos aquilo que poderá encontrar cada dia deste Caminho.
A primeira etapa do Caminho de Fisterra e Muxía deixa a capital galega para trás entre as típicas paisagens rurais galegas. É uma rota relativamente simples, com a excepção da subida até o Alto do Mar de Ovellas. Contudo, o nosso esforço será recompensado quando chegarmos a Ponte Maceira, uma bela ponte romana sobre o rio Tambre que nos oferece magníficas vistas até a nossa chegada a Negreira, caminho plano e sem dificuldades neste último troço.
Esta é uma etapa mais longa e ligeiramente mais difícil do que a anterior, mas será compensada pela paisagem que poderemos desfrutar ao longo do percurso. Deixamos Negreira atravessando o seu belo arco situado entre a capela e o Pazo de Cotón, e decorado com brasões de armas, para continuar através de florestas de folha caduca e aldeias diferentes durante do caminho. No final desta etapa iremos ver a barragem de Fervenza, no vale do rio Xallas, para atravessar a ponte de Olveiroa que nos acolhe na cidade do mesmo nome.
Na etapa de hoje e uma vez chegarmos a Hospital, temos de escolher entre continuar a percurso em direcção a Fisterra ou em direcção a Muxía. No primeiro caso, poderemos visitar as aldeias de Cee e Corcubión, declarada conjunto Histórico-Arístico. Uma vez passar esta cidade, ficamos já no meio do nosso caminho em direcção ao fim do mundo.
Se optarmos por continuar em direcção a Muxía na etapa de hoje, após a birfurcação na aldeia de Hospital, continuaremos por um longo percurso marcado pelo asfalto na sua maior parte, embora também percorremos trilhas naturais. A melhor parte desta etapa fica no final, pois à nossa chegada a Muxía poderemos visitar esta aldeia costeira e a sua igreja situada ao lado das rochas, para poder ver desde aqui o pôr-do-sol com o ruído das marés de fundo.
Nesta etapa que une os dois pontos essenciais do Caminho, percorremos uma rota com declives que podem ser difíceis para algumas pessoas. É uma rota rochosa com caminhos de terra em alguns troços, não sendo especialmente fácil, apesar de ser um traçado que discorre pela costa. Não há dúvida em que estamos a aproximarno ao fim do mundo. É também muito provável que encontremos outros peregrinos a fazer o mesmo percurso em sentido oposto, caminhando em direcção a Muxía para terminar a etapa no santuário da Virgem da Barca.
Embora os serviços ao longo do Caminho de Fisterra e Muxía tenham sido escassos durante muitos anos, o aumento de peregrinos que não querem terminar a sua caminhada em Santiago de Compostela e decidem continuar até ao fim do mundo levou à abertura de novas acomodações.
Assim, se se atrever a fazer esta rota, encontrará vários albergues e pousadas em cada uma das etapas, como lhe mostramos a seguir.
Negreira
Olveiroa
Fisterra
Muxía
O Caminho Francês de Santiago é um dos caminho mais exigentes, mas existem alternativas que deveria conhecer.